O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
* Muito espirituoso, não acham???!!!
Fonte: – Ferreira Gullar – Poemas
Posted by Vânia on 24 de novembro de 2013 at 14:26
Faço das minhas palavras as da Paula. E pode imaginar a gente jogando confete em você também, tá? 🙂
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 24 de novembro de 2013 at 20:40
Super-Vânia, ruborizei, mas fiquei muito feliz com o carinho do confete e a atenção para comigo. Você é um amor de pessoa.
Beijo com carinho
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Posted by Bah on 22 de novembro de 2013 at 20:38
Muito!
Kisu!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 22 de novembro de 2013 at 22:47
Bah, que bom!
Kisu no coração!
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Posted by Paula Oliveira on 20 de novembro de 2013 at 19:02
O poema mais puro porque nele não cabe segundas intenções, nem decepções, nem malandragem. Mas cabe gente como vc, meu amigo, com o coração amorosa e as palavras mais doces.
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 20 de novembro de 2013 at 23:45
Super-Paulinha, ruborizei, mas fiquei muito feliz com o carinho e a atenção para comigo. Você é uma graça mesmo.
Beijo com carinho
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Posted by Marcilane on 20 de novembro de 2013 at 17:44
Lembro muito bem desse poema nos livros didáticos do ensino fundamental. Gostava muito de lê-lo e ver nossa realidade ali estampada, que infelizmente não é lá das melhores e assim continua. É penoso saber que esse quadro se repete anos após anos, é penoso saber que os que mais trabalham são os que menos recebem e que menos conseguem desfrutar a vida. Dentro de mim há a vontade de que tudo isso mude algum dia, e que haja sempre vagas para que aquelas pessoas que realmente necessitam consigam sua realização pessoal, profissional, sua vida tranquila, sua vida feliz.
Muito boa essa lembrança Manoel!
Beijos**
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 20 de novembro de 2013 at 18:32
Marcilane, tudo isso é triste mesmo, contudo já existe algum progresso para se evitar que isso se prolongue que é a nossa conscientização. A medida que participamos temos a chance de bloquear e organizar muitas coisas boas para a sempre nova safra do povo brasileiro.
Muito legal o seu comentário. Cabecinha boa, não é?
Beijo carinhoso^^
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Posted by AntimidiaBlog on 20 de novembro de 2013 at 14:52
Republicou isso em reblogador.
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 20 de novembro de 2013 at 15:02
Fique a vontade para isso. Um abraço,
Manoel
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Posted by Cris Campos on 20 de novembro de 2013 at 9:36
Gullar sempre polêmico nos seus poemas. Pra mim, no poema cabe tudo e mais um pouco, e ele, como respira, exala lirismo por todos os poros. Se fede ou cheira, depende de quem lê. Gr. Bj. Manô!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 20 de novembro de 2013 at 11:49
Cris, cada comentário é um ensinamento que recebo. Adorei esse seu modo de enxergar o poema. Valeu!
Um grande beijo
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Posted by Dulce Morais on 20 de novembro de 2013 at 4:43
Pois bem, se não há vaga no poema, ele criou uma onda… onde, afinal, tudo coube 🙂
Gostei, Manoel!
Abraço!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 20 de novembro de 2013 at 11:10
Dulce, nossa! É isso mesmo. Poetas se entendem, não é?
Um abraço grande
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Posted by msgteresagteresa on 19 de novembro de 2013 at 22:06
Olá,amigo Manoel!
Achei tão interessante a abordagem desta desafiadora poesia! Mas mesmo apesar da aparência crua e dura de sua superfície filosófica, ainda habita nela o encanto do poeta que se zanga com os absurdos do nosso humano cotidiano, sem perder a candura, pois no seu espanto há la no fundo a vontade de que a vida fosse mais leve e bonita para todos….Tinha que ser o Ferreira Gullar!
Meu abraço grande, com carinho ,para vocês!!!
Teresa
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 19 de novembro de 2013 at 22:11
Teresa, seu comentário vem sempre carimbado com uma boa dose de carinho e isso é muito bom. O bom do Ferreira Gullar é que ele dá tapas com luvas de pelica, não é?!
Gosto muito de seu comentário aqui.
Um abração grande e carinhoso para vocês todos (amigos número um da natureza!).
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