O QUE NOS MOTIVA A SER MELHORES ?

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by Pe. Fábio de Melo

Padre Fábio de Melo, sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa “Direção Espiritual” na TV Canção Nova.

 

Se quiser ser de Deus, terá que viver as duas vias do Senhor: ‘Amarás ao Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo’. 
 

O que você entende por esta palavra ‘amor’? É impressionante o quanto o amor de Deus nos toca. Os poetas sempre tentaram decifrar esse sentimento, mas nunca o conseguiram. Assim como Luiz de Camões em seu célebre poema: ‘O amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer’. O amor não se poetiza. Quantas vezes o sentimos e não sabemos onde realmente dói. O amor é revelação, inauguração, tem o poder de ser novo com aquilo que estava velho. 

Jesus sabe da capacidade de olhar as coisas miúdas da vida, as que não damos valor e aquelas que ninguém havia visto antes. Colocando os pés no seguimento de Cristo, ouvimos a Palavra para olhar a vida diferente: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. E o que significa amar o meu próximo? O que significa olhar para o meu irmão e saber que nele tem uma sacralidade que não posso violar? Como posso descobrir esse convite de Deus de abrir os olhos às pessoas? No dia de hoje, eu lhe proponho que acabe com os ‘achismos’ do amor. A primeira coisa que Deus precisa curar é o que nós achamos do amor. Pois, muitas vezes, em nome dele [amor], nós fazemos absurdos: sequestramos, matamos, fazemos guerra, criamos divisões. 

O amor nos dá uma força que nem nós mesmos sabíamos que tínhamos. É a capacidade que ele tem de nos costurar. Quantas vezes olhamos para a objetividade do outro que nos motiva a ser melhores. É o amor com suas clarezas e suas confusões… Muitas vezes, em nome do amor tratamos as pessoas como ‘coisas’. Quando Deus entra em nossa vida e entramos na vida de outras pessoas, temos de entrar como Ele: agregando valores. Caso contrário é melhor que fiquemos de fora, porque você é um território que merece respeito. 

Na passagem da sarça ardente (cf. Ex 3,2ss ) Deus se manifesta em uma árvore que pega fogo, mas não é consumida. Esse é o amor de Deus: Quanto mais nós amamos, mais somos consumimos; e se estamos esgotados é porque amamos ‘de menos’. Vamos ficando sem o vigor; mas a sarça queima sem se consumir. O fogo do amor não queima, pois é um fogo que faz outro fogo, e a experiência do amor de Deus é feita pelo amor de um para o outro. 

Quantas vezes você passou noites inteiras acordado pelo seu filho? Quanto sono perdido? Isso é por amor… Amar o outro é levar prejuízo. Você vai saber o que é o verdadeiro amor quando você se consome, mas não se esgota. Você nunca vai dizer que está cansado de amar o seu filho. Você está cansada dos problemas causados por ele, mas não de amá-lo. Quantas pessoas que procuram e estão necessitadas do amor, mas em sua busca correm atrás das micaretas e baladas? A busca do amor está aguçada. Todos estão querendo saber o que é o amor e todos estão precisando de cura. Quantas pessoas foram amadas erroneamente, trazendo as marcas de um amor estragado. 

Tenha coragem de tirar as histórias do passado que doem e que você as carrega até o dia de hoje. Nenhuma pessoa pode amar a Deus se não se ama. Nenhuma pessoa pode ter uma experiência com Deus se não for pelo amor a si própria, pelo respeito por si mesma. O amor a Deus passa o tempo todo pelo cuidado que eu tenho com a minha vida, com a minha história. Como sou capaz de amar o próximo como a mim mesmo se ainda não me amo? Faça caridade a você primeiro. Os seus amigos irão agradecer por você se amar. 

Quando o amor nos atinge, somos mais felizes. Um povo que se ama é um povo que sabe aonde vai. Eu ainda acredito no que Deus pode em mim. Volte a gostar de você!

* Já voltou a gostar de você???

16 responses to this post.

  1. Querido Manoel,
    Nunca tinha pensado no amor com algo que nos consome, mas não nos esgota.
    Afinal, o amor incondicional é raro. Ele existe em muitos pais pelos filhos (e mesmo assim nem sempre), em alguns casais abençoados, e os exemplos são raros.
    Não sei se é possível amar todo o mundo. Respeitar cada ser humano (e cada ser não humano), é essencial ao equilíbrio deste mundo. E se isso, já fosse uma forma de amar?…
    Talvez com o tempo, a vida me ensine as respostas…
    Grande beijo! 🙂

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    • Dulce querida, muito bem pensado esse seu comentário. Na minha opinião é uma forma de amar. O AMAR é tão abrangente e tão importante que o respeitar de verdade não deixa de ser uma forma de amar. Existe o “respeitar” por medo ou hierarquia que aí já é problema disciplinar, mas exagerando, eu respeitar uma pessoa completamente desajustada é uma prova de amor muito grande e deve ser aplicada.
      Nós ainda temos muito que aprender (e também obrigação de ensinar) nessa vida. O tempo vai mostrando a possibilidade de muitos impossíveis e isso é muito lindo, não é?!
      Grande beijo! 🙂

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  2. Conselho que veio numa hora exata.

    Kisu!

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  3. Manô,

    Acho que ele colocou todo amor no mesmo pote e penso que não é bem assim… Mas entendo que o que ele priorizou no texto foi o amor pelo semelhante. Minha filha outro dia me disse que amava todo mundo. Não sei, ainda não cheguei a esse ponto. Realmente não amo todo mundo. Talvez seja por causa da minha relação de amor e ódio comigo mesma. Amor é sem dúvida atitude. Enfim, essa estrada é longa e nela aprendemos um pouquinho mais a cada dia. Quem sabe chego lá algum dia? Gr. Bj. Manô!!!

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    • Cris, você como um ser pensante e muito inteligente chega lá sim. Não dá para se meter no caminho que você deve seguir porque apesar de nos entendermos bem não somos iguais. A sua filha já descobriu o caminho. Não é difícil amar todo o mundo. Se você me magoou eu posso continuar a amando. Querer o seu bem e querer que você melhore também é prova de amor. Não preciso ficar sorrindo para você e nem correndo atrás porque sempre tem uma questão de compatibilidade ou não. Somos humanos e isso faz parte. Cris, você é muito fofa!
      Um beijo grandão,
      Manô

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  4. Que bom encontrar o Pe. Fábio de Melo por aqui, Manoel. Há anos atrás li um livro seu com o filósofo, Gabriel Chalita, que me deixou muito emocionada, ¨Cartas entre Amigos¨. Se puder trazê-lo mais vezes, eu vou adorar. Bom-dia, amigo!

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  5. Posted by Alma Boaventura on 8 de janeiro de 2014 at 7:43

    Manô…
    No dia em que nós entendermos estes dois mandamentos sem enfeitá-los com tantos poréns, vamos amar somente,
    e o amor quando não divide espaço, ele é amor é ponto.
    Só então haverá cura para todas as adversidades do mundo e da alma.
    “Eu acredito no que Deus pode mas Ele quer que a gente busque.”
    beijos meu amigo.

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  6. Mais um artigo super interessante, Manoel. Também amei o comentário da Lunna! Beijo

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  7. Ah, meu caro, o amor pra mim é uma palavra e como toda palavra tem suas interpretações, pessoais. Por exemplo, ontem, estava eu junto a algumas pessoas e elas discutiam o título da novela das oito/nove – e, ao fazê-lo diziam que o título não fazia sentido. Pensei de imediato no poema de Eliot. “o escuro escuro escuro. Todos mergulhavam no escuro. Nos vazios espaços interestelares, no vazio que o vazio inunda” – e, deixei fugir dos lábios um sorriso. Olharam pra mim. Eu sou a garota do canto que pouco fala. Escrevo muitas coisas, mas as palavras em meus lábios pouco se criam. Enfim, quiseram saber o motivo do meu sorriso e mesmo relutante eu disse “amor é apenas uma palavra tanto quanto vida e cada um dá a ela o peso ou a medida que desejar e, obviamente sinônimos vários, adjetivos tantos – a novela tem esse título porque em tempos modernos nós nos limitamos tanto que somos incapazes de dizer o mínimo, de sentir pouco. Queremos tanto e tanto que as pequenas coisas se esvaem e o amor não é esse gigante de asas que as pessoas imaginam – o amor é uma semente que precisa de cuidados. Por isso que o tempo para os gregos era soberanos. Era Cronos – mas hoje, o tempo é esse ser de asas que vai longe e, de repente é feito o horizonte, nunca se alcança. O amor que a gente nutre é por qualquer coisa: uma calça nova, da moda. Um carro novo. Um apartamento. Ama-se as coisas. A vida então é também uma coisa e se mede assim: sem Cronos, apenas objetos”. Não sei se me entenderam, não me preocupei com isso, sinceramente porque minha semente eu plantei há anos e conto com Cronos e também com Káiros, afinal, é ele quem me aproxima de Cronos e, me permite apreciar nessa frondosa árvore o sabor das estações.

    bacio

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    • Lunna, você é sensacional. Parece esquisito dizer Papo Cabeça e nem sei se você já ouviu falar assim, mas o seu modo de se expressar e explicar se enquadra no gostosíssimo Papo Cabeça. Como você é inteligente, menina. Dá gosto te ler. Seria bom conversar. Se você não é de falar, arrancaremos palavras de você, kkk!
      Adorei o seu comentário.
      bacio

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      • Meu caro, você me permite o diálogo, assim fica fácil – mas tem pessoas que não sabem ouvir. Aliás, hoje em dia não saber ouvir é objeto comum. E eu venho aqui “te ouvir” e acabo falando porque o diálogo precisa de dois, não é mesmo? bacio

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        • Lunna, absolutamente certa! E não existe coisa mais gostosa do que dialogar. Tem o famoso chavão que diz : Da discussão, nasce a razão. E isso é bem verdadeiro. Mesmo que sejam trocadas algumas farpas, com o tempo tudo volta ao normal e muito melhor.
          bacio

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