by Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional
Quando percebemos mãe e filha adolescente em relacionamento é interessante notar que temos duas mulheres frente a frente vivendo momentos de vida totalmente diferentes. A mãe já passou por tudo aquilo que sua filha passará e isso fará a diferença na relação! Conviver com o adolescer é algo bastante marcante e mexe consideravelmente com a vida das famílias; a mãe, em especial, é aquela que acompanha bem de pertinho tais mudanças, não apenas as corporais, mas as emocionais também.
A filha está abandonando o corpo de menina para o corpo de mulher, despertando assim sua sexualidade. A jovem procura independência, liberdade, menos controles dos pais, mesmo não tendo qualquer experiência a este respeito. O medo (sim, o medo!) existe, mas a jovem dificilmente confessará seus temores aos pais. Misturam-se a impulsividade, a agressividade, a instabilidade e a contradição. Tantos sentimentos diferentes e todos eles misturados.
Quais são os comportamentos esperados nesse período?
A jovem rivaliza com a mãe, desafia as convenções, estabelece seus padrões de conduta. A jovem fala sobre coisas que não ficam claras e também não dá clareza sobre nada. É aí que entra a figura da mãe como aquela que, muitas vezes, terá de traduzir o que a filha diz; as mensagens nem sempre são claras: pede perdão ou pede ajuda “entre palavras, nas entrelinhas….” A filha exige que seja tratada como “gente grande”, mas ainda não se esqueceu dos seus comportamentos infantis. É como se a jovem vivesse o luto pelo corpo perdido, pela transição para uma fase tão desejada, mas ao mesmo tempo, tão assustadora; e, muitas vezes, não sabe para onde ir, e os pais, a mãe em especial, muitas vezes, sentem-se incapazes de dar o suporte necessário.
Vamos lembrar de um ponto importante: como tratar as emergências adultas e o tratamento que muitas vezes ela assim exige, com momentos, necessidades e atitudes ainda tão infantis?
É o desencontro entre a própria geração! A jovem que vê desabrochar o corpo de adulta, as pressões de um mundo adulto, mas que muitas vezes, ainda não é madura o suficiente para perceber-se assim ou para se reposicionar em sua idade.
Parece uma “missão impossível”? Muitas vezes, sim. Os pais, a mãe em especial, precisam mostrar interesse, mas não invadir. Porém, nessa tentativa, muitas vezes se afastam da jovem, que, numa fase de tanta influência por terceiros, pode se deixar levar por referenciais nada positivos. Fique de olho!
É importante pensar que adolescentes, homens e mulheres, fazem seus pais “reviverem” a sua própria história como jovens. Mães, muitas vezes, revivem a adolescência, quando confrontadas com a jovialidade dos filhos. Contudo, para a mãe, o que se percebe é uma outra fase de vida: o amadurecimento e, por vezes, estão vulneráveis, sensíveis pela valorização da linda filha juvenil, pois podem estar perdendo a beleza, aquela juventude que para elas deixa de existir, mas, na verdade, se renova, é a beleza de cada fase de nossa vida!
Por fim, os papéis que se misturam, as idades com seus fatores emocionais específicos, todos entrelaçados numa única teia, vão se confundindo, mas ao mesmo tempo se solidificando. Reações muitas vezes inconscientes são assim vividas, mas especialmente, a relação mãe-filha/filho-pais deve ser coberta de muita compreensão, amor e receptividade nessa fase tão importante da vida!
* Devemos acompanhar os filhos???!!!
Posted by Romina Horita on 24 de fevereiro de 2014 at 10:13
Ainda bem que nunca tive essa rivalidade com a minha mãe. Mas não fui a filha preferida (e nunca quis ser), mas olha… conheço gente que mendiga amor de mãe com uma força exacerbada… Me dá até dó. Enquanto a mãe nitidamente prefere o outro filho. Tão triste..
Kisu!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 25 de fevereiro de 2014 at 0:43
Bah, na minha opinião isso é desumano. Enfim, cada louco com sua mania!
Kisu carinhoso!
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Posted by Anna Júlia on 8 de fevereiro de 2014 at 16:54
Olá, Manoel! Ótimo texto!
Me lembrou de Gilmore Girls, justamente a foto de início. 🙂
Tenho sorte por ter uma mãe que me entende e é próxima, além de amiga. Acho que isso faz diferença em qualquer decisão que eu tomo na minha vida!
Beijo!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 8 de fevereiro de 2014 at 17:06
Anna Júlia, esse relacionamento que você tem com sua mãe é a melhor coisa do mundo. Por isso você é disposta, confiante no que faz e vai sempre progredindo com seus objetivos. Sou seu fã.
Um beijo
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Posted by Patrícia Araújo on 7 de fevereiro de 2014 at 12:09
este texto espelha bem a importância dos pais … são os meus “pilares”, em particular, confesso que a admiração pela Mãe cresceu exponencialmente com o tempo… hoje, quando olho para ela, simplesmente desejo ter a sua força… um beijinho Manoel e obrigada pela partilha 🙂
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 7 de fevereiro de 2014 at 15:24
Patrícia sabe que você tem razão?! Até à medida em que o tempo passa e a gente amadurece conseguimos enxergar melhor o grande valor deles. Nosso porto seguro, não é?
Adorei seu comentário, Patrícia.
Um beijo
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Posted by Adriano Yamamoto on 7 de fevereiro de 2014 at 11:21
Manoel, gostei bastante deste post. Essa fase é muito conturbada tanto para os pais quanto para os filhos. Por mais que se leia e tenha informação, a cada geração teremos questões que irão nos surpreender. O adolescente é um hoje, outro na próxima geração. Temos que manter nossa capacidade e aprendizado sempre viva.
Grande abraço e parabéns pelo post!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 7 de fevereiro de 2014 at 13:27
Adriano, muito bom você ter gostado. Sua opinião é válida mesmo. Nada mais imprevisível do que essa fase da vida.
Um abraço
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Posted by Lola Maria on 6 de fevereiro de 2014 at 17:22
Mano,
Revivi meus tempos sob o teto de minha mãe. Nossa como os nossos pensamentos mudam a respeito de tudo e todos com o passar dos anos. Hoje eu sei que tudo que minha Mãe fez era apenas com um único objetivo de me proteger de tudo aquilo que ela já havia experimentado e não foi uma experiência das melhores.
Mas o jovem com toda a sua impulsividade, acha que pode tudo, sabe tudo. Coitado de nós quando jovens. Iludidos com um mundo que mais tarde tentaria nos engolir. Se tivesse seguido os conselhos de meus pais no tempo certo. Com certa a vida seria mais leve com muitos de nós.. Comigo com certeza. Posso dizer que se existe algo que me arrependa nesta vida é isto não ter ouvido Pai e Mãe. E se existe algo que eu aconselharia aos jovens de hoje seria isto também: Ouça Pai e Mãe. Conselhos de Pai e Mãe é igual usar filtro solar. Um dia lamentamos por não ter feito. (meio bobo o exemplo? Hum.. espero que não).
Amigo um beijo e um abraço bem apertado.
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 22:10
Lola, gostei do seu comentário e é geral esse arrependimento, mas o que foi dito na época ficou gravado e isso é que importa. Como humanos a gente não acerta sempre e tem que fazer umas bobagens senão não tem graça, não é?! Rs…rs. Seu exemplo não foi bobo não. Eu sou um cara que hoje tenho que fugir do sol por nunca ter usado o tal do protetor (o pior é que continuo não usando. Detesto aquela “meleca” oleosa na minha pele – “eca!”).
Um beijo com carinho,
Manô
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Posted by Vanessa on 6 de fevereiro de 2014 at 16:00
Oi Manoel, vim retribuir sua visita no meu blog 🙂
Posso dizer que também gostei muito do seu cantinho e também vou segui-lo.
Com relação ao post, poxa a adolescência é uma fase difícil mesmo. Minha irmã tem 15 anos agora, e é complicado lidar com ela. Eu como irmã fico sempre com medo de ser a segunda mãe chata mas ao mesmo tempo não posso deixar de tentar ensiná-la algo. Minha adolescência não foi fácil. Não que eu tenha sido muito rebelde, tive sim problemas típicos mas nada grave. Porém, não sei se minha mãe estava preparada para ser mãe de uma adolescente. Até hoje sinto que não somos muito próximas uma da outra.
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 22:17
Vanessa, fico feliz por você estar presente e comentando aqui no nosso cantinho do Óbvio.
Essa fase da adolescência tem que ser acompanhada com paciência e persistência e os conflitos são inevitáveis. Na teoria é tudo muito bonito, mas na hora a gente está arriscado a explodir (tanto o adolescente como os pais). O importante é conversar bastante mesmo que entre por um ouvido e saia pelo outro, não é ?!
Vanessa, volte por aqui sempre que puder.
Um beijo
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Posted by Cris Campos on 6 de fevereiro de 2014 at 8:48
Manô,
Hoje, depois de muitas chuvas e trovoadas, posso dizer que temos alcançado, minha filha e eu, um nível de maturidade e cumplicidade muito prazeroso. Graças a Deus e também a algumas preciosas mãos nas nossas atadas ao longo do caminho. Mas essas tempestades são, apesar de doloridas, necessárias, pois com elas aperfeiçoamos esse vínculo eterno em nossas vidas. Gr. Bj.!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 11:13
Cris, gostei do chuvas e trovoadas, mas é assim mesmo. São situações necessárias mesmo.
Gr. Bj.!
Manô
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Posted by Dulce Morais on 6 de fevereiro de 2014 at 6:00
Manoel,
É realmente uma fase muito difícil e que pode ocasionar rupturas graves e até irreparáveis. Achei o acompanhamento da minha filha durante esses anos de transição entre a infância e a idade adulta os mais difíceis de gerir. E quando pensamos que o pior está para trás, resta sempre ainda algo que ficou suspenso e que anda precisa ser resolvido…
Porém, penso que com muito amor e paciência, com compreensão e tolerância, tudo é possível. O apoio de terceiros também pode ser importante quando a relação se complica a tal ponto que pode ficar comprometida para sempre…
Excelente artigo!
Abraço!
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 14:02
Dulce, eu também acho exatamente isso e cada jovem que a gente tem intimidade nessa fase da vida tem uma reação diante das modificações decorrentes. Então o segredo é muita paciência e compreensão mesmo. Adorei o seu comentário.
Grande abraço
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Posted by Lunna Guedes on 6 de fevereiro de 2014 at 5:18
MInha adolescencia foi quase tranquila e, o quase em questão é porque sofri uma perda que mudou muito a jovenzinha quieta que eu era. Mudei de pais, de casa – mudei a maneira como eu via as coisas a minha volta. Fiquei ainda mais fechada, mas quieta e menos disposta a dar pelo outro e isso foi o grande fator diferenciador em minha história.
Mas para com a minha mãe eu sempre tive uma amizade muito forte. Eramos amigos de diálogo no começo da noite, antes de ir se deitar, pela manhã e durante os dias quando ela se precipitava a mim com suas aventuras inesperadas. Certa vez ela deixou de lado seu mundo e me “obrigou” a deixar o meu apenas para passar uma tarde em Barcelona visitando feiras e assistindo teatro ao ar livre.
Acho que as relações, em qualquer epoca da vida devem ser pautadas por um objeto simples: o respeito pelo individio que se criança, adolescente ou adulto são seres humanos e precisam ser respeitados para que respeitem aos outros, mas as vezes falta apenas esse principio e a vida se transforma nesse castelo de areia.
Lembro de ouvir meu tio (com quem morei depois dos treze anos) dizer a minha prima “eu sou seu pai, sou mais velho – me respeite” – mas o caminho inverso não funcionava desse jeito, logo, as desavenças eram múltiplas. rs
bacio
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 14:09
Lunna, amiga querida. Super bacana o seu comentário e você diz algo muito importante. A gente só consegue ser respeitado se a gente respeitar. Respeito não se compra e nem se vende. Se consegue e isso é muito importante. Eu acho que tudo que trabalha com os sentimentos da gente tem que ser conseguido. Se eu a trato bem e com todo o respeito, não há como a recíproca não ser verdadeira.
bacio (com carinho)
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Posted by Lunna Guedes on 6 de fevereiro de 2014 at 14:58
É algo tão simples não é meu caro? Mas as pessoas complicam tudo. Aliás, é por isso que as coisas estão do jeito que estão. Todo mundo tem opinião, mas ninguém para pensar que a opinião do outro não precisa ser a mesma que a nossa e, tampouco o outro precisa concordar com aquilo que pensamos. Isso sem contar naquela mania do estar sempre certo. aff
bacio
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 15:14
Lunna, eu acho que falta um pouco de jogo de cintura. Perceba como é importante a gente se relacionar. Contar casos, ouvir casos, dar palpites (quando solicitado), pedir conselhos, enfim… fazer uma feijoada de amizades sem dar a menor importância se é amarelo, azul, preto, rico, pobre, metódico, desligado, excêntrico,…, sei lá. O importante é aquele encontrar-se e ver que cada um tem um pedacinho que falta na gente e que com aquele pedacinho do amigo(a) a gente tem uma vida melhor. A melhor coisa do mundo é o conviver com as coisas do mundo. Não é o notebook, o iPod/iPad, o carro zero,…, e outros bens materiais. Disso nós não precisamos. Eles facilitam as coisas mas tem um custo e a amizade,o amor…não tem custo e se tiverem não são verdadeiros. Enfim…
bacio (no coração)
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Posted by Lunna Guedes on 6 de fevereiro de 2014 at 15:15
Perfeito meu caro…
Bacio per te
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 6 de fevereiro de 2014 at 15:24
Lunna, valeu!
bacio
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Posted by Paula Oliveira on 5 de fevereiro de 2014 at 23:38
Me senti a mãe nesse texto, já que tenho duas irmãs adolescentes e vejo, muitas vezes, elas passarem por coisas que eu passei. Mas vou confessar um defeito, paciencia não é o meu forte rs. Preciso me trabalhar nisso.
Beijos, amigo e boa noite
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Posted by Blog do Óbvio - Manoel on 5 de fevereiro de 2014 at 23:53
Paulinha, kkk! Põe moral na criançada lá. Adolescente detesta ser chamada de criança, não é? E tem razão porque está no meio do caminho.
Um beijo no coração da amiga querida,
Manô
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